Você precisa de um aumento na mesada? Ou quer chegar mais tarde da balada? Para se sair bem no papo com os pais, a Atrê ajuda a aprimorar suas habilidades de negociação.
Não adianta dizer que todos os seus amigos já voltam às cinco da manhã e você é a única da turma que nunca pode fazer nada. Também é perda de tempo partir pra grosseria, ou cair na choradeira sempre que eles não atenderem a um pedido seu. Para convencer os pais a aceitarem os seus pontos de vista, é preciso usar a inteligência e a sensibilidade. "Fortalecer a capacidade de argumentar é algo indispensável para a vida. E todas as situações de conflito podem ser encaradas como uma oportunidade de desenvolver essa habilidade", diz a psicóloga Maria Tereza Maldonado, autora do livro Comunicação Entre Pais e Filhos (Integrare Editora). Se você quiser tentar, pode começar a treinar em algumas situações. Tá a fim?
Quero voltar tarde da balada
Se você vive tentando dobrar seus pais e nunca consegue bons resultados, talvez o grande desafio a vencer seja o de aprender a escutar os argumentos dos mais velhos. "É inevitável que, em muitas situações, pais e filhos discordem. O primeiro passo para se sair bem numa negociação é aprender a ouvir o ponto de vista do outro, sem preconceito. Só assim poderemos desenvolver argumentos para construir um acordo razoável para ambas as partes", ensina Maria Tereza. A psicóloga dá um exemplo: "Vamos supor que os pais proíbam a filha de chegar tarde em casa porque se preocupam com a sua segurança.
Sabendo disso, a adolescente pode pensar em maneiras de mostrar a eles que está tomando medidas para se proteger: vai com uma turma de amigos que os pais conhecem, o local é fechado e bem frequentado, ela já tem carona para ir e voltar, etc. Oferecendo essas informações, a adolescente conseguirá tranquilizar a família".
Em outras palavras, ela quer dizer que só conhecendo, mesmo, a preocupação dos pais, seremos capazes de desenvolver o argumento certo. Mas fique atenta ao trato que vai ter que cumprir depois de conseguir o que queria. Então, se na primeira tentativa o melhor que você conseguiu foi negociar para voltar às três da manhã, vá assim mesmo, e cumpra exatamente o combinado. Depois de fazer isso mais umas duas vezes, tente conseguir meia horinha a mais na balada.
Vai rolar uma viagem só com a turma, nas férias
Se está planejando viajar, dê um jeitinho de colocar o assunto na roda, em casa, o quanto antes. Faça de um jeitinho informal, durante um almoço com seus pais - de preferência quando eles estiverem de bom humor. Num primeiro momento, diga apenas que a turma está armando o tal passeio, e veja a reação deles. Se for negativa, pergunte o que os preocupa e tente não rebater na hora. Mais tarde, com calma, você pode pensar em maneiras objetivas de mostrar a eles que não têm nada a temer.
Para isso, reúna o maior número possível de informações sobre o destino, a galera que vai, a infraestrutura do local (se tem telefone, se fica numa região central da cidade, etc). E, enquanto a viagem não chega, tente demonstrar aos seus pais, no dia-a-dia, que você já sabe se virar. "É importante ter em mente que negociar é trocar. Então, se vai pedir algo, também precisa oferecer um benefício aos seus pais, em contrapartida", explica Mara Pusch, psicóloga da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Porém, se mesmo com todo o seu bom comportamento eles vetarem a viagem, não desanime. Tente numa próxima, quando a viagem for mais curta - ou o destino, menos distante.
Meu namo quer dormir lá em casa
Antes de surpreender seus pais com um pedido desses, coloque o tema em discussão, como quem não quer nada. Use o exemplo de uma prima ou de uma amiga da escola - mesmo que tudo não passe de ficção - para ouvir o que eles pensam a respeito.
Nessa oportunidade, com calma, você até pode colocar a sua opinião. "De qualquer forma, é melhor conhecer antes o ponto de vista dos pais, porque, assim, a adolescente nem precisará se expor, se não quiser", ensina a psicóloga Mara Pusch. Vencer a resistência dos mais velhos, caso eles sejam contra, não será das tarefas mais fáceis. Mas a maneira de abordá-los, na hora de fazer o pedido, fará toda a diferença.
É muito melhor dizer: "estava pensando em falar para o fulano dormir aqui no final de semana que vem. O que vocês acham?", do que comunicar simplesmente: "quero que o fulano durma aqui". "Os pais gostam de saber que a filha valoriza a opinião deles; esse tipo de abordagem aumenta as chances de sucesso na negociação", garante Mara.
O que não quer dizer que o jogo estará ganho. Para algumas famílias, admitir esse nível de intimidade entre a filha e o namorado, em casa, está totalmente fora de cogitação. E, se esse for o seu caso, o jeito é se conformar.
Meu sonho é fazer um intercâmbio
Antes mesmo de tocar no assunto, em casa, pesquise bastante na internet - e aborde seus pais com o maior número possível de informações. Depois, convideos para visitarem uma agência com você, para que, juntos, possam tirar as dúvidas que restarem. "Não adianta dizer que quer viajar porque será divertido ou porque todas as suas amigas já fizeram intercâmbio.
Se precisa convencer seus pais, pense nas coisas que eles valorizam. Muito provavelmente eles vão preferir ouvir sobre o quanto esse passeio a ajudará na aprendizagem de um novo idioma e, consequentemente, no mercado de trabalho", diz Mara. E aqui também vale a dica: faça o possível para demonstrar aos seus pais, por meio de atitudes, que está realmente preparada para encarar o desafio. Eles vão medir a sua responsabilidade pelos seus comportamentos nas situações mais corriqueiras, no dia-a-dia. Então, não despreze essas oportunidades de impressionar.
Para se sair bem na hora da negociação, tente:
Ouvir e respeitar o ponto de vista do outro.
Pensar em argumentos objetivos e práticos, que apóiem a sua opinião.
Oferecer algo em troca, e não apenas pedir.
Conquistar a confiança dos seus pais aos poucos. Se nunca viajou sozinha, por exemplo, negocie primeiro um passeio de fim de semana para, daqui a um tempo, tocar no assunto do intercâmbio.
Ser flexível, para chegar a um meio-termo que atenda parcialmente aos desejos das duas partes.
Cumprir com o combinado, sempre. |
E evite:
Chantagens emocionais, barracos, choradeiras e afins. Esses comportamentos demonstram falta de controle emocional e imaturidade.
Fazer comparações entre você e seus amigos ou a família deles e a sua. Isso só serve para deixar os pais ainda mais estressados! |
Quero mudar de escola no ano que vem
Não adianta dizer que seus colegas são caretas, que a professora é chata, que o uniforme é feio ou que a sua melhor amiga vai para outro colégio. Todos esses motivos serão vistos pelos seus pais como secundários. Agora, se você conseguir encontrar diferenciais na qualidade de ensino do colégio para o qual pretende ir, as chances de sucesso dessa conversa aumentam muito. Por outro lado, se o problema é de relacionamento, tente dar exemplos de situações práticas em que se sentiu realmente humilhada, por causa de um professor ou colega.
Não adianta simplesmente dizer que "a galera da escola não tem nada a ver com você". Porém, se mesmo com todo o seu esforço em argumentar, a galera de casa continuar irredutível, peça ajuda para contornar o problema que está enfrentando. "Mesmo sem mudar a adolescente de escola, os pais podem se dispor a conversar com a coordenadora pedagógica, por exemplo, para ajudar a filha a vencer uma dificuldade que ela não esteja conseguindo ultrapassar sozinha", garante Mara.
Preciso de um aumento na mesada
"Monte uma planilha de custos, mostre onde está gastando o que ganha e as despesas que ainda precisa cobrir, para justificar o aumento que está reivindicando", sugere a psicóloga Maria Tereza Maldonado. Se, ainda assim, os pais mostrarem resistência, talvez seja interessante oferecer-se para fazer pequenos trabalhos, que justifiquem o ganho extra. "Isso demonstra maturidade e responsabilidade.
Você não vai estar só pedindo, ao contrário, abrirá uma possibilidade de troca, em que as duas partes sairão ganhando", diz a psicóloga Mara Pusch. De um jeito ou de outro, no entanto, é legal ficar atenta para não exigir da sua família mais do que ela pode lhe dar.
Meus pais odeiam minha amiga (ou meu namorado)
Antes de mais nada, tente entender o que está incomodando tanto os seus pais. Olhando de fora, talvez eles tenham percebido alguma coisa que você não conseguiu captar. É difícil admitir, mas, às vezes, os mais velhos conseguem julgar, melhor do que nós, o quanto uma má companhia pode nos prejudicar. Então, por mais que a amiga ou o namorado sejam legais, faça a si mesma algumas perguntas: "Sou feliz ao lado dessa pessoa?", "Ela me faz bem?", "Essa convivência me expõe a algum tipo de risco?" e "Ela demonstra gostar tanto de mim a ponto de justificar este conflito com os meus pais?". Talvez você decida que o melhor, mesmo, é levantar a bandeira da paz em casa.
Agora, se chegar à conclusão de que a encanação dos seus pais é preconceito, procure bons motivos para convencê-los. Tente mostrar as qualidades dessa amiga (ou amigo) e crie oportunidades para que eles se conheçam melhor. "Se os pais não aceitam aquela pessoa em casa, promova esse encontro num ambiente neutro, com outros amigos por perto", ensina Mara. Dar tempo ao tempo é a melhor saída.
